37 - De que modo Deus é «Pai»?

Veneramos Deus, antes de mais,  por ser Pai, porque Ele é o Criador e Se encarrega das Suas criaturas cheio de amor. Além disso, Jesus, o Filho de Deus, ensinou-nos a considerar o Seu Pai como nosso Pai, e a abordá-l'O mesmo com "Pai nosso". [238-240]

Diversas religiões pré-cristãs conheciam já o título divino de "Pai" (Dt 32,6; Ml 2,10); o pai e a mãe representam, na experiência humana, a origem e a autoridade, a protecção e o sustento. Jesus mostrou-nos como Deus é realmente Pai: «Quem Me vê, vê o Pai.» (Jo 14,9) Na parábola do filho pródigo (Lc 15,11-32), Jesus toca no profundo desejo humano de um Pai misericordioso. -> 511-527

A lembrança deste Pai ilumina a mais profunda identidade do ser humano: donde vimos, quem somos e quão grande é a nossa dignidade. Nós provimos naturalmente dos nossos pais e somos seus filhos; porém, nós vimos de Deus, que nos criou à Sua imagem e nos chamou a sermos Seus filhos. Por isso, não é o acaso ou concorrência do destino que se encontra na origem de cada ser humano, mas um plano do amor divino. Isto nos revelou Jesus Cristo, verdadeiro Filho de Deus e homem perfeito. Ele sabia de onde vinha e de onde vimos nós todos: do amor do Seu Pai e de nosso Pai. Bento XVI, 09.07.2006

36 - Pode descobrir-se que Deus é trinitário pela simples lógica?

Não. A -> TRINDADE de Deus é um mistério. Só através de Jesus é que a descobrimos. [237]

O ser humano, com as capacidades da sua razão, não consegue atingir Jesus. Ele reconhece, todavia, a razoabilidade deste mistério, ao aceitar a -> REVELAÇÃO de Deus em Jesus Cristo. Se Deus fosse só e solitário, não poderia amar desde toda a eternidade. Iluminados por Jesus, encontramos sinais da Trindade de Deus já no - ANTIGO TESTAMENTO (por exemplo em Gn 1,2; 18,2; 2Sm 23,2) e até em toda a Criação.

TRINDADE (lat. trinitas = tríade)
Deus é um só, mas em três Pessoas. A Trindade Divina é um insondável mistério: por um lado, baseia-se na unidade de três Pessoas; por outro, desenvolve-se numa diversidade pessoal do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

35 - Cremos num Deus ou em três deuses?

Cremos num Deus em três pessoas (-> TRINDADE). «Deus não é solidão, mas perfeita comunhão.» (Bento XVI, 22.05.2005) [232-236, 249-256, 261, 265-266]

Os cristãos não adoram três deuses diferentes, mas um único Ser que desabrocha em três, permanecendo, contudo, um. Que Deus seja trinitário, sabêmo-lo por Jesus Cristo: Ele, o Filho, fala do Seu Pai que está no Céu [«Eu e o Pai somos um» (Jo 10,30)]. Ele ora ao Pai e concede-nos o Espírito Santo, que é o amor do Pai e do Filho. Por isso, somos baptizados «em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo» (Mt 28,19)

Onde existe o Amor existe a Trindade: um que ama, um que é amado e uma fonte de amor. Santo Agostinho

34 - O que deve fazer uma pessoa quando descobre Deus?

Quando uma pessoa descobre Deus, tem de O colocar no primeiro lugar da sua vida. Assim começa uma vida nova! Os cristãos conhecem-se por amarem até os seus inimigos. [222-227. 229]

Descobrir Deus significa que Ele me criou e me quer, que em cada segundo me olha com amor, que abençoa a minha vida e a sustem, que tem nas Suas mãos o mundo e as pessoas, que espera por mim ansiosamente, que me quer preencher e aperfeiçoar, e fazer-me viver Consigo para sempre... enfim, que Ele está presente aqui, comigo. Não basta dizer que sim com a cabeça. Os cristãos têm de assumir o estilo de vida de Jesus.

Meu Senhor e meu Deus, toma de mim tudo o que me impede de chegar a Ti! Meu Senhor e meu Deus, dá-me tudo o que favorece aproximar-me de Ti! Meu Senhor e meu Deus, por favor, toma-me de mim e dá-me totalmente a Ti próprio! São Nicolau de Flür (1417-1487, místico e eremita suíço)

33 - O que significa "Deus é Amor"?

Se Deus é o amor, não há criatura que não seja sustentada e envolvida por um infinito desejo de bem. Deus não só declara que é o amor, mas também o demonstra: «Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos.» (Jo 15,13) [218,221]

Nenhuma outra -> RELIGIÃO afirma o que diz o Cristianismo: «Deus é amor.» (Jo 4,8.16). A fé assenta nesta expressão, embora a experiência da dor e da maldade no mundo faça muitos duvidar de que Deus seja realmente amoroso. Já no -> ANTIGO TESTAMENTO Deus comunica ao Seu Povo, pela boca do profeta Isaías: «Visto que és precioso e honrado aos meus olhos e Eu te amei, assim por ti dei nações inteiras. Não temas, pois, porque Eu estou contigo.» (Is 4,3.5) . E fá-lo dizer: «Pode a mulher esquecer-se da criança que amamenta e não ter carinho pelo fruto das suas entranhas? Mas ainda que ela o esquecesse, Eu nunca te esquecerei.» (Is 49,15). Que o discurso do Amor Divino não consiste em palavras vazias demonstra-o Jesus na cruz, onde Ele entrega a Sua vida pelos Seus amigos.

O verdadeiro amor dói. Ele dói sempre. Amar uma pessoa custa mesmo; é doloroso abandoná-la e deseja-se morrer por ela. Quando as pessoas se casam, têm de deixar muitas coisas de lado para se poderem amar. A mãe que dá a vida a uma criança sofre muito. A palavra «amor» é tão mal entendida e abusa-se tanto dela. Beata Madre Teresa

32 - O que significa "Deus é a Verdade"?

«Deus é luz e n'Ele não há trevas.» (1 Jo 1,5) A Sua Palavra é a Verdade (Pr 8,7; 2 SM 7,28) e a Sua Lei é a Verdade (Sl 119,142). O próprio Jesus responde pela Verdade de Deus quando, diante de Pilatos, confessa: «Para isso nasci e vim ao mundo, a fim de dar testemunho da Verdade.» (Jo 18,37) [214-217]

Deus não pode ser submetido a um processo de demonstração, a ciência não pode fazer d'Ele um objecto comensurável. E, no entanto, Deus deixa-Se submeter a um tipo especial de demonstração: que Deus é a Verdade sabemo-lo por via da absoluta credibilidade de Jesus. Ele é «o Caminho, a Verdade e a Vida» (Jo 14,6). Isso pode descobrir e experimentar quem a Ele se abandona. Se Deus não fosse "verdadeiro", a fé e a razão não poderiam entrar em diálogo. É possível, porém, um entendimento entre elas, porque Deus é a Verdade e a Verdade é divina.

Jesus Cristo é a Verdade tornada pessoa que atrai o mundo a Si. A Luz que irradia de Jesus é o esplendor da Verdade. Cada outra verdade é um fragmento da Verdade que é Ele e para Ele aponta. Bento XVI, 10.02.2006

31 - Porque Se apresenta Deus com um nome?

Deus apresenta-Se com um nome porque deseja ser acessível. [203-213, 230-231]

Deus não deseja permanecer anónimo. Ele não quer ser venerado com um mero «Ser Superior», que simplesmente pode ser sentido ou pressentido. Deus deseja ser conhecido e invocado como Aquele que é real e activo. Na sarça ardente, Deus revela o Seu santo nome -> IHWH (Ex 3,14). Deus torna-Se acessível ao Seu Povo, embora Ele permaneça um Deus oculto, um mistério perene. Por causa de um elevadíssimo respeito, nunca se pronunciava (e ainda hoje não se pronuncia) em Israel o nome de Deus, sendo mesmo substituído pelo título Adonai (Senhor); até o -> NOVO TESTAMENTO o utiliza: «Jesus é o Senhor». (Rm 10, 9)

IHWH = IAHWEH
É o mais importante nome de Deus no Antigo Testamento. Pode ser traduzido por "Eu sou Aquele que sou!" Para Judeus e Cristãos designa o único Deus do Universo, o seu Criador, sustento, parceiro de aliança, libertador da escravidão do Egipto, juiz e salvador.

30 - Porque cremos em um só Deus?

Cremos em um só Deus porque. segundo o testemunho da Sagrada Escritura, há um só Deus, e também porque, segundo as leis da lógica, só pode haver um. [200-202, 228]

Se houvesse dois deuses, um seria a fronteira do outro. Nenhum dos dois seria infinito; nenhum,  perfeito. Portanto, nenhum seria Deus. A experiência fundamental de Deus feita por Israel está assim expressa: «Escuta, Israel! O Senhor nosso Deus é único.» (Dt 6,4) Os profetas exortavam continuamente a deixar os falsos deuses e a virar-se para o único Deus: «Eu sou Deus e mais ninguém.» (Is 45,22).

MONOTEÍSMO (gr. monos = único e theos = Deus; doutrina sobre a existência de um único Deus)
Doutrina sobre Deus enquanto Ser Único, absoluto e pessoal, o último fundamento de tudo. As religiões monoteístas são o Judaísmo, o Cristianismo e o islão.

29 - Qual é o teor do Simbolo Niceno-Constantinopolitano?

Creio em um só Deus,
Pai todo-poderoso,
Criador do céu e da terra
De todas as coisas visíveis e invisíveis.

Creio em um só Senhor, Jesus Cristo,
Filho Unigénito de Deus,
nascido do Pai antes de todos os séculos:
Deus de Deus, Luz da Luz,
Deus verdadeiro de Deus verdadeiro;
Gerado, não criado, consubstancial ao Pai.
Por Ele todas as coisas foram feitas.
E por nós, homens, e para nossa salvação
desceu dos céus.
E encarnou pelo Espírito Santo,
no seio da Virgem Maria.
e Se fez homem.
Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos;
padeceu e foi sepultado.
Ressuscitou ao terceiro dia,
conforme as Escrituras;
e subiu aos céus,
onde está sentado à direita do Pai.
De novo há-de vir em sua glória,
para julgar os vivos e os mortos;
e o seu reino não terá fim.

Creio no Espírito Santo.
Senhor que dá a vida,
e procede do Pai e do Filho;
e com o Pai e o Filho
é adorado e glorificado:
Ele que falou pelos Profetas.

Creio na Igreja una, santa,
católica e apostólica.
Professo um só baptismo
Para remissão dos pecados.
E espero a ressurreição dos mortos,
e vida do mundo que há-de vir.

Ámen.

O Senhor nosso Deus é o único Senhor: amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças. Mt 12,29-30

28 - Qual é o teor do Símbolo dos Apóstolos?

Creio em Deus,
Pai todo-poderoso,
Criador do céu e da terra.
e em Jesus Cristo,
Seu único Filho, nosso Senhor,
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo;
nasceu da Virgem Maria;
padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado;
desceu à mansão dos mortos;
ressuscitou ao terceiro dia;
subiu aos Céus;
está sentado à direita do Pai, todo-poderoso
de onde há-de vir julgar os vivos e os mortos.

Creio no Espírito Santo,
na santa Igreja Católica,
na comunhão dos santos,
na ,remissão dos pecados,
na ressurreição da carne,
na vida eterna. Ámen.


O Credo seja para ti como um espelho! Mira-te nele para ver se realmente crês em tudo o que defines como fé. E aalegra-te cada dia na tua fé! Santo Agostinho

27 - Como surgiram os símbolos da fé?

Os símbolos da fé remontam ao tempo de Jesus, que exortou os discípulos a baptizar. Estes deveriam, então, confirmar se as pessoas confessavam uma determinada fé, nomeadamente no Pai, no Filho e no Espírito Santo (->TRINDADE). [188-191]

A célula primitiva de todos os símbolos posteriores é a «confissão do Senhor Jesus» e o Seu encargo missionário, isto é, «Ide, fazei discípulos de todas as nações, baptizai-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo!» (Mt 28,19). Todos os símbolos da fé da Igreja são desdobramentos da fé neste Deus trino. Cada um deles começa com a confissão do Pai Criador e sustento do mundo, referem-se ao Filho, através do qual o mundo e nós mesmos encontramos a redenção, e desembocam na confissão do Esp+irito Santo, que é a presença de Deus  na Igreja e no mundo.

26 - O que são símbolos da fé?

Símbolos da fé são definições abreviadas da fé, que possibilitam uma confissão comum a todos os crentes. [185-188, 192-197]

Tais definições abreviadas encontram-se já nas cartas paulinas. O protocristão Símbolo dos Apóstolos possui uma especial dignidade por ser uma síntese da fé dos -> APÓSTOLOS. O grande símbolo da fé tem um alto prestígio porque proveio dos grandes concílios da então ainda indivisa Igreja (Niceia, 325; Constantinopla 381) e permaneceu até hoje como a base comum dos cristãos do Oriente e do Ocidente.

25 - Para que precisa a fé de definições e de simbolismo?

Na fé, o que está em jogo não são palavras vazias, mas a realidade. Na Igreja, cristalizaram-se ao longo do tempo símbolos de fé, com a ajuda dos quais contemplamos, expressamos, aprendemos, transmitimos, celebramos e vivemos essa realidade. [170-174]

Sem formas densas dilui-se o conteúdo da fé. Por isso, a Igreja dá muito valor a determinadas proposições cuja expressão foi alcançada, na maioria das vezes, com muita dificuldade, para proteger a mensagem de Cristo de equívocos e adulterações. Os símbolos de fé são igualmente importantes na medida em que a fé da Igreja é traduzida para diferentes culturas, devendo manter-se na sua essência.

A Igreja [...] guarda [esta fé e esta mensagem] tal como as recebeu, como se ela habitasse numa única casa; ela crê como se tivesse apenas uma alma e um coração; e anuncia e transmite unanimemente o seu ensinamento como se tivesse apenas uma boca. Santo Irineu de Lião (ca 135-202, doutor da Igreja)

24 - O que tem a minha fé a ver com a Igreja?

Ninguém pode crer só para si mesmo, como também ninguém consegue viver só para si mesmo. Recebemos a fé da Igreja e vivemo-la em comunhão com todas as pessoas com quem partilhamos a nossa fé. [166-169, 181]

A fé é aquilo que uma pessoa tem de mais pessoal, mas não é um assunto privado. Quem deseja crer tem de poder dizer tanto “eu” como “nós”, pois uma fé que não possa ser partilhada e comunicada seria irracional. Cada crente dá o seu consentimento ao Credo da Igreja. Dela recebeu a fé. Foi ela que, ao longo dos séculos, lhe transmitiu a fé, a guardou de adulterações e a clarificou constantemente. Crer é, portanto, tomar parte numa convicção comum. A fé dos outros transporta-me, como também o fogo da minha fé incendeia os outros e os fortalece. O “eu” e o “nós” da fé remetem-nos para os dois símbolos da fé da Igreja, pronunciados na Liturgia: o Símbolo dos Apóstolos, que começa com (“eu creio”) (-> CREDO), e o grande Símbolo Niceno-Constantinopolitano, que, na sua formam original, começava com credimus (“nós cremos”).credimus (“nós cremos”).

Credo (lat. credo = creio)
Primeira palavra do Símbolo dos Apóstolos, tornou-se a designação para vários textos da Igreja em que os conteúdos essenciais da fé são vinculativamente sintetizados.

Onde estão dois ou três reunidos em Meu nome, Eu estou no meio deles. Mt 18,20

23 - Existe contradição entre fé e ciência natural?

Não existem contradições insolúveis entre fé e ciência natural, porque não podem existir verdades duplas. [159]

Nenhuma verdade da fé faz concorrência com as verdades da ciência. Só existe uma Verdade, à qual dizem respeito tanto a fé como a razão científica. Deus quis tanto a razão, com que podemos descobrir as estruturas racionais do mundo, como a fé. Por isso, a fé cristã exige e apoia a ciência natural. A fé existe para conhecermos as coisas que, embora não possam ser abarcadas pela razão, existem todavia para além da razão e são reais. A fé lembra à ciência natural que esta não se deve colocar no lugar de Deus, mas servir a Criação. A ciência natural tem de respeitar a dignidade humana, em vez de atentar contra ela.

Ninguém consegue chegar ao conhecimento das coisas divinas e humanas se antes não aprendeu matemática solidamente. Santo Agostinho (354-430, filósofo, bispo e doutor da Igreja)

Entre Deus e ciência natural não encontramos qualquer contradição. Eles não se excluem, como hoje alguns crêem e temem; eles completam-se e implicam-se mutuamente. Max Planck (1858-1947, físico alemão, Nobel da Física, fundador da teoria quântica)

22 - Como se crê?

Quem crê procura uma ligação pessoal com Deus e está pronto a crer em tudo o que Ele revelou acerca de Si mesmo. [150-152]

Quando a fé nasce, ocorre com frequência uma perturbação ou um desassossego. O ser humano apercebe-se de que o mundo visível e o decurso normal das coisas não correspondem a tudo o que existe. Sente-se tocado por um mistério. Persegue as pistas que o remetem para a existência de Deus e encontra-se cada vez mais confiante em abordar Deus e, por fim, ligar-se a Ele livremente. Diz-se no Evangelho segundo São João: «A Deus, nunca ninguém O viu. O Filho Unigénito, que está no seio do Pai, é que O deu a conhecer.» (Jo 1,18) Portanto, temos de crer em Jesus, o Filho de Deus, se queremos saber o que Deus nos quer comunicar. Assim, crer significa aderir a Jesus e entregar a nossa vida inteira nas Suas mãos.

Credo, ut intelligam – Creio, para compreender. Santo Anselmo de Cantuária (1033/34-1109, doutor da Igreja, notável teólogo da Idade Média)

21 - Fé – o que é isso?

Fé é conhecimento e confiança. Tem sete características:
  • A fé é uma pura dádiva de Deus, que nós obtemos se intensamente a pedirmos.
  • A fé é a força sobrenatural de que necessariamente precisamos para alcançar a salvação.
  • A fé requer a vontade livre e a lucidez do ser humano quando ele se abandona ao convite divino.
  • A fé é absolutamente segura porque Jesus o garante.
  • A fé é incompleta enquanto não se tornar operante no amor.
  • A fé cresce na medida em que escutamos cada vez melhor a Palavra de Deus e permanecemos com Ele, na oração, em vivo intercâmbio.
  • A fé permite-nos já a experiência do alegre antegozo do Céu. [153-165, 179-180, 183-184]
Muitos afirmam que “crer” é demasiado pouco; eles querem é “saber”. A palavra “crer” tem, no entanto, dois sentidos completamente distintos. Se um pára-quedista, no aeroporto, pergunta ao empregado: «O pára-quedas está correctamente acondicionado?», e este casualmente responder: «Hum, creio que sim...», isso então não lhe bastará; ele quer mesmo saber. Se, todavia, ele tiver pedido a um amigo para acondicionar o pára-quedas, e este lhe responder à mesma pergunta: «Sim, eu pessoalmente encarreguei-me de o fazer. Podes confiar em mim!», o pára-quedista responder-lhe-á então: «Está bem, acredito em ti!» Esta fé é muito mais que “conhecimento”, ela significa “certeza”. E esta é a fé que fez Abraão mudar-se para a Terra Prometida, esta é a fé que fez os -> MÁRTIRES perseverarem até à morte, esta é a fé que ainda hoje mantém de pé os cristãos perseguidos. Uma fé que compreende todo o ser humano...

Se tiverdes uma fé comparável a um grão de mostarda, direis a este monte: «Muda-te daqui para acolá», e ele há-de mudar-se. E nada vos será impossível. Mt 17,20

Crer significa sustentar, durante toda a vida, a incompreensibilidade de Deus. Karl Rahner (1904-1984, teólogo alemão)

20 - Como podemos responder a Deus quando Ele nos aborda?

Responder a Deus significa crer n’Ele. [142-149]

Quem deseja crer precisa de um «coração que escuta» (1Rs 3,9). Deus procura o contacto connosco de múltiplas formas. Em cada encontro humano, em cada experiência da Natureza que nos toca, em cada aparente acaso, em cada desafio, em cada sofrimento... Deus deixa-nos uma mensagem escondida. Ele fala-nos ainda mais claramente quando Se dirige a nós pela Sua Palavra ou pela voz da consciência. Ele trata-nos como amigos. Por isso, também nós, como amigos, devemos  corresponder-Lhe, crendo e confiando totalmente n’Ele, aprendendo a conhecê-l’O cada vez melhor e a aceitar sem reservas a Sua vontade.

Crer é essencialmente o acolhimento de uma Verdade que a nossa razão não consegue atingir, um acolhimento simples e incondicional, como se se tratasse de uma prova. Beato John Henry Newman (1801-1890, filósofo e teólogo inglês convertido, mais tarde cardeal da Igreja Católica)

19 - Que papel desempenha a Sagrada Escritura na Igreja?

A Igreja busca a sua vida e a sua força na Sagrada Escritura, como quem busca a água num poço. [103-104, 131-133, 141]

Além da presença de Cristo na Sagrada -> EUCARISTIA, a Igreja nada honra com mais veneração que a presença de Deus na Sagrada Escritura. Na Santa Missa, acolhemos o Evangelho de pé, porque é o próprio Deus que nos fala com palavras humanas. -> 128

A Sagrada Escritura não é algo que pertence ao passado. O Senhor não fala no passado, mas no presente; Ele fala connosco hoje, dá-nos a Luz, mostra-nos o caminho da Vida, concede-nos a comunhão, e, assim, prepara-nos e abre-nos para a Paz. Bento XVI, 29.03.2006

18 - Que significado tem o Novo Testamento para os cristãos?

No -> NOVO TESTAMENTO consuma-se a Revelação de Deus. Os quatro evangelhos – segundo São Mateus, São Marcos, São Lucas e São João – são o coração da Sagrada Escritura e o mais precioso tesouro da Igreja. Neles mostra-Se o Filho de Deus como Ele é e como vem ao nosso encontro. Nos Actos dos Apóstolos conhecemos os primórdios da Igreja e a acção do Espírito Santo. Nas cartas apostólicas a vida do ser humano é iluminada, em todas as suas dimensões, pela Luz de Cristo. No Apocalipse de São João antevemos o fim dos tempos. [124-130, 140]

Jesus é tudo o que Deus nos queria dizer. Todo o Antigo Testamento prepara a encarnação do Filho de Deus. Todas as promessas de Deus encontram em Jesus o seu cumprimento. Ser cristão significa unir-se cada vez mais profundamente à vida de Cristo. Para isso é preciso ler e viver os evangelhos. Madeleine Delbrêl diz: «Através da Sua Palavra, Deus diz-nos quem Ele é e o que quer; Ele di-lo definitivamente e para cada dia. Quando temos o nosso Evangelho nas mãos, devemos considerar que aí habita a Palavra que Se tornou carne para nós e nos quer atingir para recomeçarmos a Sua vida num novo lugar, num novo tempo, num novo ambiente humano.»

Só quando nos encontramos com o Deus vivo aprendemos o que é a Vida. Não há nada mais belo que ser encontrado pelo Evangelho, por Cristo. Bento XVI, 24.04.2005

17 - Que significado tem o Antigo Testamento para os cristãos?

No -> ANTIGO TESTAMENTO, Deus mostra-Se como o Criador e o sustento do mundo, como guia e educador da humanidade. Também os livros do Antigo Testamento são Palavra de Deus e Sagrada Escritura. Sem o Antigo Testamento não é possível compreender Jesus. [121-123, 128-130, 140]

No Antigo Testamento começa uma grande história didáctica sobre a fé, que no Novo Testamento sofre uma decisiva viragem e atinge a meta com o fim do mundo e o retorno de Cristo. Aqui o Antigo Testamento revela-se mais do que um simples prelúdio ao Novo. Os Mandamentos e as profecias do Povo da Antiga Aliança, com as suas promessas para toda a humanidade, nunca foram revogados. Nos livros da Antiga Aliança encontra-se um insubstituível tesouro de orações e de sabedoria; em particular, os Salmos pertencem à oração quotidianan da Igreja.

Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacob – não dos filósofos ou dos eruditos! Deus de Jesus Cristo. Só se pode encontrar e guardar nos caminhos instruídos no Evangelho. Blaise Pascal, depois de fazer uma experiência de Deus

Os Livros da Bíblia (-> CÂNONE)

ANTIGO TESTAMENTO (lat. testamentum = legado) (46 Livros)
É a primeira parte de toda a Bíblia e a Sagrada Escritura dos judeus. O Antigo Testamento da Igreja Católica abarca 46 livros: Pentateuco, escritos históricos, proféticos e sapienciais (em que se incluem os salmos).

Pentateuco
Génesis (Gn), Êxodo (Ex), Levítico (Lv), Números (Nm), Deuteronómio (Dt)

Livros Históricos
Josué (Js), Juízes (Jz), Rute (Rt), 1 Samuel (1Sm), 2 Samuel (2Sm), 1 Reis (1Rs), 2 Reis (2Rs), 1 Crónicas (1Cr), 2 Crónicas (2Cr), Esdras (Esd), Neemias (Ne), Tobias (Tb), Judite (Jt), Ester (Est), 1 Macabeus (1Mc), 2 Macabeus (2Mc)

Livros sapienciais
Job (Job), Salmos (Sl), Provérbios (Pr), Coélet (Ecl), Cântico dos Cânticos (Ct), Sabedoria (Sb), Ben Sirá (Eclo)

Livros proféticos
Isaías (Is), Jeremias (Jr), Lamentações (Lm), Baruc (Br), Ezequiel (Ez), Daniel (Dn), Oseias (Os), Joel (Jl), Amós (Am), Abdias (Ab), Jonas (Jn), Miqueias (Mq), Naum (Na), Habacuc (Hab), Sofonias (Sf), Ageu (Ag), Zacarias (Zc), Malaquias (Ml)


NOVO TESTAMENTO (27 Livros)
É a segunda parte de toda a Bíblia. Contém os textos especificamente cristãos, nomeadamente os quatro Evangelhos, os Actos dos Apóstolos, treze cartas paulinas, a Carta aos Hebreus, sete cartas católicas e o Apocalipse de São João.

Evangelhos
Mateus (Mt), Marcos (Mc), Lucas (Lc), João (Jo)

Actos dos Apóstolos (Act)

Cartas paulinas
Carta aos Romanos (Rm) 1 Carta aos Coríntios (1Cor), 2 Carta aos Coríntios (2Cor), Carta aos Gálatas (Gl), Carta aos Efésios (Ef), Carta aos Filipenses (Fl), Carta aos Colossenses (Cl), 1 Carta aos Tessalonicenses (1Ts), 2 Carta aos Tessalonicenses (2Ts), 1 Carta a Timóteo (1Tm), 2 Carta a Timóteo (2Tm), Carta a Tito (Tt), Carta a Filémon (Fm) Carta aos Hebreus (Hb)

Cartas católicas
Carta de São Tiago (Tg), 1 Carta de São Pedro (1Pd), 2 Carta de São Pedro (2Pd), 1 Carta de São João (1Jo), 2 Carta de São João (2Jo), 3 Carta de São João (3Jo), Carta de São Judas (Jd)

Apocalipse de São João (Ap)

Cânone e Bíblia

CÂNONE (lat. canon = cana de medição, directriz)
Trata-se da compilação vinculativa das Sagradas Escrituras que se encontram na Bíblia, tanto no Antigo como no Novo Testamento.

BÍBLIA
Por “Bíblia” (gr. biblos = livro) designam os judeus e os cristãos uma colecção de escritos sagrados que surgiram num período de mais de 1000 anos e constituem o documento da sua fé. A Bíblia cristã é substancialmente mais abrangente que a judaica, pois, além dos escritos desta, contém ainda outros livros do Antigo Testamento, quatro Evangelhos, as Cartas de São Paulo e outros escritos da Igreja primitiva.

16 - Como se lê a Bíblia correctamente?

A Sagrada Escritura lê-se correctamente se for lida em atitude orante, ou seja, com a ajuda do Espírito Santo, sob cujo influxo ela surgiu. Ela contém a Palavra Deus, isto é, a decisiva mensagem de Deus para nós. [109-119, 137]

A Bíblia é como uma long carta de Deus dirigida a cada um de nós. Por isso, temos de acolher as Sagradas Escrituras com grande amor e respeito. Primeiro, devemos realmente ler a carta de Deus, isto é, não isolar pormenores sem atender ao todo. Depois, devemos orientar esse todo para o seu coração e mistério, ou seja, para Jesus Cristo, de quem fala toda a Bíblia, mesmo o Antigo Testamento. Portanto, devemos ler as Sagradas Escrituras na mesma fé viva da Igreja em que elas surgiram. -> 491

A Bíblia é a carta do amor de Deus dirigida a nós. Sören Kierkegaar (1813-1855, f ilósofo)

15 - Como pode a Sagrada Escritura ser “Verdade”, se nem tudo o que nela se encontra está correcto?

A Bíblia não transmite precisão histórica nem conhecimentos científico-naturais. Também os autores eram filhos do seu tempo. Eles partilhavam as concepções culturais do seu ambiente, em cujos erros, por vezes, estavam presos. Não obstante, tudo o que o ser humano precisa de saber sobre Deus e sobre o caminho da sua redenção encontra-se com infalível segurança na Sagrada Escritura. [106-107, 109]

Meditai a Palavra de Deus...

"Meditai a Palavra de Deus com frequência e permiti ao Espírito Santo ser o vosso mestre. Descobrireis, então, que os pensamentos de Deus não são os nossos; sereis logo conduzidos a contemplar o verdadeiro Deus e ler os acontecimentos da história com os Seus olhos; ireis saborear plenamente a alegria que transborda da Verdade."!

Bento XVI, 22-02-2006

14 - É verdadeira a Sagrada Escritura?

«Os livros da Escritura ensinam com certeza, fielmente e sem erro a Verdade de Deus, porque são inspirados, ou seja, foram escritos por inspiralão do Espírito Santo e têm Deus por autor.» (Concílio Vaticano II, Dei verbum, nº 11) [103-107]

A -> BÍBLIA não caiu do céu feita, nem Deus a ditou a autómatas. Isto é, escritores inconscientes. Antes, «para escrever os livros sagrados, Deus escolheu e serviu-Se de pessoas na posse das suas faculdades e capacidades, para que, agindo neles e por eles, pusessem por escrito, como verdadeiros autores, tudo aquilo e só aquilo que Ele queria» (Concílio Vaticano II, Dei verbum, nº 11). Para que determinados textos fossem reconhecidos como Escritura Sagrada, tiveram de ser aceites pela Igreja universal. Teve de existir, portanto, um consenso nas comunidades: «Sim, é o próprio Deus que nos fala por este texto, isto é, mesmo pelo Espírito Santo!» Desde o século IV, estes escritos protocristãos estão fixados no -> CÂNONE DAS SAGRADAS ESCRITURAS, tal como foram realmente inspiradas pelo Espírito Santo.

INSPIRAÇÃO (lat. inspiratio = inalação)
Tal a influência de Deus sobre o escritor bíblico, que Ele mesmo é considerado o autor da Sagrada Escritura.

13 - Pode a Igreja enganar-se em questões de fé?

A totalidade dos crentes não pode errar na fé, porque Jesus prometeu aos Seus discípulos mandar-lhes o Espírito da Verdade e conservá-los na Verdade. (Jo 14,17] [65-66, 73]

Tal como os discípulos acreditavam em Jesus de todo o coração, também um cristão pode confiar totalmente na Igreja se procurar o caminho da Vida. Efectivamente, se o próprio Jesus fez dos Seus Apóstolos participantes na missão de ensinar, a igreja tem uma funão educativa (-> MAGISTÉRIO) e não se pode calar. É certo que alguns membros da Igreja se podem enganar e até cometer erros graves, mas a Igreja, como um todo, nunca se poderá desviar da Verdade de Deus. A Igreja transporta, através do tempo, uma Verdade viva, que é maior que ela mesma. Fala-se de depositum fidei, o tesouro da fé, que deve ser preservado. Caso alguma verdade seja publicamente questionada ou deturpada, a Igreja é desafiada a trazer novamente à luz «aquilo em que se creu por toda a parte em todos os tempos e por todos os crentes» (S. Vicente de Lérins, 450)

MAGISTÉRIO
É a designação da tarefa da Igreja Católica de explicar a fé, interpretá-la com a assistência do Espírito Santo e protegê-la de adulterações. 

12 - Como sabemos o que pertence à verdadeira fé?

Encontramos a verdadeira fé na Sagrada Escritura e na Tradição viva da Igreja. [76, 80-82, 85-87, 97, 100]

O -> NOVO TESTAMENTO surgiu da fé da Igreja. Escritura e Tradição pertencem-se mutuamente. A transmissão da fé não ocorre primordialmente através de textos. Santo Hilário de Poitiers, bispo da Igreja antiga, dizia: «A Sagrada Escritura está escrita no coração da Igreja, mais que em pergaminho». Já os discípulos e os -> APÓSTOLOS tiveram a experiência da Vida Nova antes de mais através da comunhão viva com Jesus. A jovem Igreja convidou outras pessoas a esta comunhão, que continuou de outra maneira após a ressurreição. Os primeiros cristãos eram «assíduos ao ensino dos Apóstolos, à comunhão fraterna, à fracção do pão e às orações» (Act 2,42). Eles eram unidos entre si, mas tinham espaço para os outros. É isto que constitui a fé até hoje: os cristãos convidam outras pessoas para descobrirem a comunhão com Deus, a qual, desde o tempo dos Apóstolos, se manteve genuína na Igreja Católica.

"Portanto, a sagrada Tradição e a Sagrada Escritura estão intimamente unidas e compenetradas entre si. Com efeito, derivando ambas da mesma fonte divina, fazem como que uma coisa só e tendem ao mesmo fim. Concílio Vaticano II, Dei Verbum, nº 9

11 - Porque transmitimos a fé?

Transmitimos a fé porque Jesus ordenou-nos: «Ide, fazei discípulos de todas as nações!» (Mt 28,19) [91]

Nenhum cristão autêntico deixa a transmissão da fé apenas ao cuidado dos especialistas (catequistas, párocos, missionários). Somos cristãos para os outros. Isto significa que cada cristão autêntico deseja que Deus chegue também aos outros. Ele diz para si. «O Senhor precisa de mim! Sou baptizado, confirmado e responsável para que as pessoas à minha volta façam a experiência de Deus e cheguem ao conhecimento da Verdade.» (1Tm 2,4) Madre Teresa utilizou uma boa metáfora: «É frequente observares fios eléctricos ao longo da estrada. Se a corrente não passa por eles, não há luz. O fio é o que somos tu e eu. A corrente eléctrica é Deus. Temos o poder de a deixar passar atravé de nós e, assim, fornecer ao mundo a luz, que é Jesus, ou de recusarmos que Ele Se sirva de nós, permitindo, com isso, que a escuridão se alastre.» -> 123

MISSÃO (lat. missio = envio)
A missão é a essência da Igreja e o mandamento de jesus a todos os cristãos de anunciar o Evangelho com palavras e actos, de forma a que todas as pessoas optem livremente por Cristo.

10 - Ficou tudo dito com Jesus Cristo ou prosseguirá a revelação depois d'Ele?

Em Jesus Cristo foi o próprio Deus que veio ao mundo. Ele é a última palavra de Deus. Ouvindo-O, toda a pessoa, humana, em todos os tempos, pode saber quem é Deus e o que é necessário para a sua salvação. [66-67]

No Evangelho de Jesus Cristo está perfeita e completamente disponível a -> REVELAÇÃO de Deus. Para que ela nos seja clara, o Espírito Santo introduz-nos na Verdade cada vez mais profundamente. A Luz de Deus penetra na vida de algumas pessoas de um modo tão forte, que elas vêem o «céu aberto» (Act 7,56). Foi assim que surgiram os grandes lugares de peregrinação, como Guadalupe, no México, Lourdes, em França, ou Fátima, em Portugal. As «revelações privadas» dos videntes não podem aperfeiçoar o Evangelho de Jesus Cristo; embora não sejam universalmente vinculativas, podem ajudar-nos a entendê-lo melhor, desde que a sua verdade seja examinada pela Igreja.

Muitas vezes e de muitos modos falou Deus antigamente aos nossos pais, pelos profetas. Nestes dias, que são os últimos, falou-nos por meio do Seu Filho. Ha 1,1ss

9 - O que nos mostra Deus quando nos envia o Seu Filho?

Em Jesus Cristo, Deus mostra-nos toda a profundidade do Seu misericordioso amor. [65-66, 73]

Através de Jesus Cristo, torna-se visível o Deus invisível. Ele torna-Se como nós. Isto mostra-nos até que ponto vai o amor de Deus: Ele carrega todo o nosso peso. Ele percorre connosco todos os caminhos.
Ele vive a nossa solidão, o nosso sofrimento, o nosso medo da morte. Ele apresenta-Se onde não podemos avançar, para nos abrir a porta para a Vida. -> 314

ENCARNAÇÃO (do lat. caro, carnis = carne)
Trata-se da encarnação de Deus em Jesus Cristo. É o fundamento da fé cristã e da esperança na redenção do ser humano.

8 - Como Se revela Deus no Antigo Testamento?

Deus mostra-Se no -> ANTIGO TESTAMENTO, como Aquele que criou o mundo por amor e permance fiel ao ser humano, mesmo que este, pelo pecado, O renegue. [54-64, 70-72]

Deus deixa-Se experimentar na história. Com Noé faz uma Aliança para salvar todos os seres vivos. Chama Abraão para fazer dele o «pai de um grande número de nações» (Gn 17,5) e nele abençoar «todas as nações da Terra» (Gn 12,3). O povo de Israel, descendente de Abraão, torna-se Sua especial propriedade. A Moisés apresenta-se nominalmente: o Seu nome misterioso יהוה, muitas vezes pronunciado como -> "YAHWEH" significa «Eu sou Aquele que sou» (Ex 3,14). Ele liberta Israel da escravidão no Egipto, faz uma Aliança no Sinai e, através de Moisés, entrega-lhe a Lei. Repetidas vezes, Deus envia profetas ao Seu povo. para o chamar à conversão e à renovação da Aliança. Os profetas anunciam que Deus fará uma nova e eterna Aliança, que realizará a uma radical renovação e uma definitiva redenção. Esta Aliança estará aberta a toda a humanidade.

"Aprouve a Deus, na Sua bondade e sabedoria, revelar-Se a Si mesmo e dar a conhecer o mistério da Sua vontade, segundo o qual a humanidade, por meio de Cristo, Verbo encarnado, tem acesso ao pai no Espírito Santo e se torna participante da natureza divina." Concílio Vaticano II, Dei Verbum, nº 2

7 - Porque teve Deus de Se revelar, para sabermos como Ele é?

O ser humano pode descobrir pela razão que Deus existe, mas não como Deus é realmente. Portanto, como Deus gosta de ser conhecido, revelou-Se. [50-53, 68-69]

Deus teve de Se revelar a nós. Ele fê-lo por amor.
Tal como, no amor humano, só se pode conhecer algo de uma pessoa amada quando ela nos abre o seu coração, também só conhecemos os mais íntimos pensamentos de Deus porque Ele, eterno e misterioso, Se abriu a nós por amor. Desde a Criação, passando pelos patriarcas e pelos profetas, até à definitiva -> REVELAÇÃO no Seu Filho Jesus Cristo, Deus comunicou continuamente com a humanidade. Em Jesus, Ele verteu-nos o coração e tornou-nos claro o Seu Ser mais íntimo.

"Aprouve a Deus, na Sua bondade e sabedoria, revelar-Se a Si mesmo e dar a conhecer o mistério da Sua vontade, segundo a qual a humanidade, por meio de Cristo, Verbo encarnado, tem acesso ao Pai no Espírito Santo e se torna participante da natureza divina." Concílio Vaticano II, Dei Verbum nº 2

6 - Pode Deus de alguma forma abarcar-Se em conceitos? Pode falar-se razoavelmente d'Ele?

Embora nós, seres umanos, sejamos limitados e a infinita grandeza de Deus nunca se ajuste aos conceitos humanos, podemos, no entanto, falar acertadamente de Deus. [39-43, 48]

Para fazermos afirmações sobre Deus, utilizamos imagens imperfeitas e noções limitadas. Cada dito sobre Deus situa-se, portanto, sob a condição de que a nossa linguagem não está à altura da grandeza de Deus. Assim, temos continuamente de purificar e melhorar o nosso discurso sobre Deus.

"O que é incompreensível não é, por isso mesmo, menos importante."

5 - Porque há pessoas que negam a Deus, se elas O podem descobrir pela razão?

Descobrir Deus invisível é um grande desafio para o espírito humano. Muitos, perante isso, recuam de medo. Alguns também não querem descobrir Deus precisamente porque, então, teriam de mudar a sua vida. Quem diz que a questão de Deus é absurda, porque insolúvel, torna o assunto demasiado simples. [37-38] -> 357

"Por isso, há pessoas que, nestes assuntos, se convencem de que é falso ou duvidoso aquilo com que não querem concordar." Pio XII, Humani Generis

4 - Podemos descobrir a existência de Deus com a nossa razão?

Sim, a razão humana pode, seguramente, descobrir Deus. [31-36, 44-47]

O mundo não pode ter origem e fim em si mesmo.
Em tudo o que existe está mais do que aquilo que se vê.
A ordem, a beleza e o desenvolvimento do mundo apontam para fora de si mesmos e remetem para Deus. Cada pessoa humana está aberta ao Verdadeiro, ao Bom e ao Belo.
Ela escuta, dentro de si, a voz da consciência, que a impele para o bem e a adverte do mal. Quem segue esta pista encontra Deus.

"A mais nobre força do ser humano é a razão. A mais alta meta da razão é o conhecimento de Deus." Santo Alberto Magno

3 - Porque procuramos Deus?

Deus colocou no nosso coração um desejo: procurá-l'O e encontrá-l'O. Santo Agostinho diz: «Tu criaste-nos para Ti e o nosso coração está irrequieto até encontrar o descanso em Ti.» A este desejo de Deus chamamos RELIGIÃO [27-30]

A busca de Deus é natural na pessoa humana. Toda a sua aspiração pela verdade e pela felicidade é, no fundo, uma busca daquilo que a sustenta absolutamente, que a satisfaz absolutamente, que a torna absolutamente útil. Uma pessoa só está totalmente consigo própria quando encontrou Deus. «Quem procura a verdade procura Deus, seja isso evidente ou não para ela.» (Santa Edith Stein) -> 5, 281-285

"Deve procurar-se a Deus e esforçar-se realmente por O atingir e encontrar. Na verdade, Ele não está longe de cada um de nós. É n'Ele que vivemos, nos movemos e existimos." Act 17,27-28a

2 - Porque nos criou Deus?

Deus criou-nos por livre e desinteressado amor. [1-3]

Quando uma pessoa ama, o seu coração transborda. Ela deseja partilhar a sua alegria com os outros. Nisso ela parece-se com o seu Criador. Embora Deus seja um mistério, podemos pensá-l'O de um modo humano e dizer: Ele criou-nos a partir do "excesso" do Seu amor. Ele queria partilhar a Sua infinita alegria connosco, criaturas do Seu amor.

"Deus é amor." 1 Jo 4,16b